Para quem, como eu, trabalha com bens de grande consumo, sabe a importância da embalagem, do rótulo e a expectativa que se tem sobre um determinado produto de uma determinada marca.
Vem isto a propósito de uma conversa que tive hoje e é quase uma sequência do último texto que aqui coloquei.
Tirando os meus amigos, que são pouco mais de meia dúzia, pouca gente sabe alguma coisa da minha vida que vá muito para além do banal. O que faço, em que cidade moro, ou outras trivialidades e não mais do que isso.
Acho curioso saber que sou hoje avaliado, fruto de novos relacionamentos, e que algumas pessoas que me conhecem da vida social da minha terra, não têm uma opinião formada sobre mim. Fico muito contente que assim seja, porque sempre fiz a minha vida de forma discreta e longe de lá, embora os meus amigos sejam maioritariamente de lá.
Pelo menos dois quintos da minha vida passeios fora de lá, pela necessidade de procurar oportunidades profissionais e por não me sentir capaz de evoluir num meio demasiado pequeno. Opções perfeitamente normais!
Percebo, no entanto, que aos olhos deles sou um "zé-ninguém"! Era coisa que já sabia, mas que hoje pude confirmar. Curiosamente, na minha terra as pessoas dividem-se em empresários e zés-ninguém! E é precisamente aos olhos dos zés-ninguém que eu sou um zé-ninguém!
Claro que sou, eu sei disso! Só não percebo porque é que alguém que não me conhece, à falta de melhor definição para mim, dá a entender que é isto que pensa? Quer dizer, é quase como eu dizer que o meu vizinho do lado, que na realidade nem conheço, é uma pessoa!
Mas será que se eu disser que não conheço a pessoa, tenho ainda assim, que a definir?
Adoramos rótulos, é o que é! Todos! Até eu, que me dei ao trabalho de escrever este texto para rotular uma pessoa que também mal conheço.
E adivinhem lá qual foi o rótulo que lhe dei?...