quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Saudades

Saudades é sentir falta. Da família, dos amigos, do nosso espaço, da nossa liberdade.

A distância faz-nos perceber do que é que realmente gostamos.

Eu gosto da minha família, gosto dos meus amigos, gosto do meu sofá e da preguiça que mora por lá. Gosto da minha liberdade. De optar por ficar em casa ou ir à Fnac, de jantar em casa ou de ir fora, de sair com esta pessoa em vez daquela.

Quando queremos perceber o quanto gostamos de alguém, nada melhor do que ir para longe. A saudade é um bom instrumento de medida. E se pensam que a ausência ou a distância nos permitem chegar à mesma conclusão, digo-vos que, na minha opinião, não tem mesmo nada a ver.

É muito mais confortável estar ausente, mas saber que se está perto, do que estar ausente porque se está distante.

Digo-vos eu, que agora estou aqui...


domingo, 26 de outubro de 2008

A hora mudou


Mudei de ritmo. Acelerei mais.

Uma semana em Lisboa, por si só, já não seria a mesma coisa que uma semana de trabalho normal, no Porto. Penso que todos concordam. Estar em casa ou num Hotel não é a mesma coisa, não nos dá o mesmo conforto, até o poderia fazer, mas é muito muito impessoal. Não é o nosso espaço, não é só nosso. Nada é nosso.

Uma semana em Lisboa é ainda mais diferente quando se quer levar a cabo muitas ideias que se trazem, como ir jantar aqui, ir conhecer aquele espaço ali, estar com amigos ou, até, sair com colegas.

Na segunda, jantar no japonês das Twin Towers, ir ao hotel, enviar e-mails, sair com amigos para o bairro alto.

Na terça, ir para o hotel, enviar e-mails, ir jantar com amigos ao Luca, ir para o hotel ver e enviar e-mails.

Na quarta, reunião com um produtor no hotel, ir jantar ao Spazio Buondi, comer os maravilhosos pratos da D. Justa, ir ao Silk (mais uma vez em trabalho), ir para o hotel, enviar e-mails.

Na quinta, ir para o escritório, resolver vários assuntos, já atrasado, ir a Peniche, almoçar, reunir com cliente, regressar a Lisboa, ir ao hotel enviar e-mails, ir jantar à Trindade, ir ao bairro alto, ser abordado duas vezes para comprar coca (!), ir dormir.

Na sexta, almoço com um amigo para provar os vinhos dele, partida para Beja, jantar em Beja.

Hoje, regresso ao Porto, mas ainda com escala em Lisboa.

E o cansaço é mais do que muito, e o trabalho acumulado é mais do que muito, e os 180 e-mails por ver são mais do que muitos.

Amanhã, provavelmente não vou trabalhar de manhã. Pelo menos não vou cedo.

Não me queixo, não reclamo. É a vida que escolhi e que gosto de ter. Porque sou bom nisto o que faço, porque quero ser o melhor (e sou), e tenho, por vezes, opiniões contrárias às da administração, que levo para a frente, que discuto e que consigo fazer valer, porque estou cá, porque estou sempre disponível e porque não costumo falhar.

A família, os amigos, as amigas, os meus passatempos, tudo fica para trás, tudo fica em stand by... a menos que precisem mesmo de mim, vão ter que aguardar.

Ah! Com tudo isto já me esquecia!
Então a hora mudou? Mas alguém é a favor da hora de inverno? E se em vez de discutirem o casamento entre homossexuais, discutissem se vale a pena mudar a hora? Não seria mais importante para o bem estar de todos? Não seria mais profícuo para a economia do país? Acima de tudo, não seria também importante para os homossexuais que, assim, poderiam casar ao final da tarde, num qualquer Cartório, mas ainda à luz do dia? É que para os smokings pretos e para os vestidos brancos, a luz do dia é melhor que a sombra da noite. As fotos ficam melhores, com mais vida!!!
Pensem nisso e depois digam qualquer coisa. Telefonem, que eu atendo sempre toda a gente!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Nem sei o que diga

Lisboa é uma cidade que tem ainda mais valor quando se vem apenas de passagem, mas com dias suficientes.
Não gostaria de viver aqui. por vários motivos, os quais resumo a: trânsito, falta de estacionamento, muito chico-espertismo e muito (demasiado) consumismo.
Prefiro morar no Porto e vir cá de vez em quando.
Uma coisa é certa, há muitas mulheres bonitas. Naturalmente bonitas, à luz do dia.
Vou aumentar a minha regularidade de visitas.

sábado, 18 de outubro de 2008

Such great heights

Não tenho muito a dizer.
Fui a Lisboa duas vezes esta semana e, pelo meio passei por aqui.
Simplesmente adorei. É a melhor vista sobre Lisboa, é o melhor bar de Lisboa. É absolutamente fantástico. Dizem que não está aberto ao público...
Na próxima semana estarei a semana toda em Lisboa, coisa que já não acontecia há uns anitos. No fim-de-semana seguinte vou para o Alentejo e na semana seguinte para o Algarve, sempre em trabalho. Pelo meio, devo vir a casa um dia.

Hoje acordei com esta música:



The Postal Service - Such great heights lyrics

I am thinking it's a sign
That the freckles in our eyes
Are mirror images and when we kiss
They're perfectly aligned
And I have to speculate
That God himself did make us
Into corresponding shapes
Like puzzle pieces from the clay
And true, it may seem like a stretch
But it's thoughts like this that catch
My troubled head when you're away
When I am missing you to death
When you are out there on the road
For several weeks of shows
And when you scan the radio
I hope this song will guide you home

They will see us waving from such great heights
"Come down now," they'll say
But everything looks perfect from far away
"Come down now," but we'll stay . . .

I tried my best to leave
This all on your machine
But the persistent beat
It sounded thin upon listening
And that frankly will not fly
You will hear the shrillest highs
And lowest lows with the windows down
When this is guiding you home

They will see us waving from such great heights
"Come down now," they'll say
But everything looks perfect from far away
"Come down now," but we'll stay . . .


Agora, fiquem bem e não se estraguem. Cumprimentos lá em casa!

(estou cá c'um mau feitio...)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Hoje

Quando se dedica muito tempo a uma única coisa, começamos a esquecer que existe mundo lá fora. Um mundo onde há pessoas, onde há actividades, onde há coisas para descobrir.
Passamos a vida a fazer opções. Optamos em detrimento de. Para fazermos isto não fazemos aquilo, para estarmos com este, não estamos com aquele.
Quando dedicamos muito tempo a uma única coisa e ainda assim nos esforçamos por fazer muitas outras, passamos a vida a furar barreiras, as do tempo, as da distância, as da saudade, as da amizade, as de gostar de estar e querer estar, ou as de juntar peças de puzzles diferentes.
Muitas vezes, deixamos para trás quem mais gosta de nós, que muitas vezes coincidem com quem menos precisa de nós. Ironicamente, são essas as pessoas de quem mais precisamos, mas são as que sabemos que amanhã ainda vão lá estar, embora, por vezes, amanhã já lá não estejam. E é nessa altura que tomamos consciência que optamos mal...
Eu tento sempre estar com quem mais precisa de mim, com quem, nesse momento, mais valoriza a minha presença. Estas são as minhas prioridades.
Depois, escolho estar com quem chega de novo, com quem é mais recente, com quem, no momento, optotomou uma opção igual à minha.
Por fim, vem quem mais gosta de mim, quem mais falta me faz. Os que estão sempre lá, quando é preciso.
Tenho noção que estas minhas opções poderão não ser as melhores, mas só desta forma o meu mundo cresce. Só assim sou mais feliz. Mesmo que muitas vezes não pareça. Mesmo que falhar seja mais fácil...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Aquilo que um homem gosta...

... e que nenhuma mulher percebe...
Aos 31 anos este meu prazer em jogar futebol ao nível mais amador, com "miúdos" de vinte e poucos anos que ainda sonham em ser o Cristiano Ronaldo ou o Quaresma, numa colectividade onde tudo se faz por pura carolice, mas em que todos dão o seu melhor, mesmo que o melhor de cada um de nós seja apenas isso e sem grande significado para quem observa. É certo que nunca pensei que isto viesse a acontecer, é certo que a minha disponibilidade não me vai deixar levar isto tão longe quanto gostaria, mas o prazer de fazer hoje, como há vinte anos atrás, aquilo que me dá um gozo enorme, é indescritível.
Daí que eu aceite sempre que me digam que, como todos os homens, tenho o meu lado mais infantil. Tenho sim e é este que me faz ir de sorriso na cara, quer chova ou faça frio, treinar num campo de terra durante mais de uma hora e meia, aceitando a disciplina imposta pelo método de treino do "mister", um homem que leva este seu hobbie tão a sério como se de um qualquer "Mourinho" se tratásse.
Mesmo que ninguem perceba, isto faz-me um bocadinho mais feliz...

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Agradecer

Porque me tenho como uma pessoa com educação, não poderia deixar de agradecer a quem me tem visitado recentemente e tem deixado comentários.
Agradeço a visita e os comentários e espero vê-los por cá mais vezes.
Aos outros, que me continuam a visitar mas não deixam a sua marca, o meu contínuo obrigado e, porque não, de vez em quando, deixem um comentariozinho, só para eu saber que por cá passaram.
Obrigado a todos!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Calma

Por vezes tenho vontade de ir mais além, de conhecer o limite.
Outras vezes, como esta, tenho a noção que o melhor é parar e ficar onde estou.
Nem sempre aprendemos com os erros, ou porque não queremos, ou porque não podemos, ou ainda porque não sabemos. No entanto, há coisas em que acredito mesmo e afastar-me do que me faz mal, ou afastar-me do que pode ser um problema é seguir o caminho da racionalidade.
Sempre o disse e acredito que não podemos gostar do que nos faz mal. Quanto pior fizer, mais o devemos evitar. Quando não o evitamos é porque queremos que nos faça mal e temos que estar preparados para as consequências.
Entendo, apesar de tudo, que há coisas que não nos custa deixar de lado, que não nos custa não pensar nelas.
Por exemplo, gosto de francesinhas mas não o suficiente para não as evitar, mas gosto de troxas de ovos e, de vez em quando, como, mesmo sabendo que vou pela certa sofrer as consequências.
Sim, porque este texto era sobre comida, como deverão ter reparado.
Ou então, não... Ou então, não...

sábado, 4 de outubro de 2008

Voltei, voltei...

Voltei de lá
Ainda agora estava em França
E agora já estou cá!


Depois de recordar este grande êxito do Dino Meira, aqui fica então um micro-resumo do que foi esta semana.


Após mais de 1.000 kms apenas com duas paragens, chegamos a Bordéus, uma cidade muito gira onde o tema "Vinho" está sempre presente nas ruas e ruelas. Curiosamente, não vi praticamente nenhuns vinhedos e não vi nenhum Château, mas provei alguns belos vinhos.
Seguimos para Lyon, bem no interior de França. Cidade suburbana, feia, escura e suja, foi talvez a pior cidade onde alguma vez estive. Espero nunca mais ter que lá voltar.
Cerca de 150 kms para Sudeste, fomos ter a Tornon e Cloze d'Hermitage (o rio divide as duas vilas), na Côte du Rhone, e onde fiz a minha primeira grande incursão pelos vinhedos franceses, pisando os "terroirs" dos mais famosos produtores desta região.
Ainda mais a sudeste, fomos encontrar Chateauneuf-du-pape, mais uma sub-região da Côte du Rhone, onde, apenas de passagem, vimos mais algumas vinhas e onde, curiosamente, apenas bebemos cerveja!
Já em Espanha, passamos ao largo de Barcelona - e com vontade de entrar mesmo na cidade!!! - seguimos em direcção a Tarragona e, lá perto, descobri, finalmente, onde é o fim do mundo. è no Priorat. No meio do nada, o Priorat é uma zona vinícola de Espanha, onde há 10 anos existiam 3 produtores e hoje existem mais de 30. Visitamos 2 dos mais famosos. Foi a melhor experiência vinícola que já vivi.
Terminada a tour vinícola, lá fomos até Madrid e, para finalizar, já no regresso, uma incursão por Salamanca, para um momento gastronómico.
Pelo meio, ficam algumas peripécias, como o rato que passou aos meus pés no final de um jantar miserável ou o hotel onde faltou a água quente para o banho matinal ou ainda as 3h que demoramos a chegar áquela reunião, só porque existiam 3 ruas com o mesmo nome.
Com quase 4.000 kms, dos quais apenas não conduzi 150 km, regresso com a certeza de que se há profissões que nos podem proporcionar momentos únicos nas nossas vidas, a minha é, com certeza, uma dessas profissões.
Deixarei as fotos no flickr assim que descobrir o cabo USB da máquina! Depois informo.