quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Máscaras

Máscaras. Não as usamos todos? Somos exactamente o que mostramos? Não. Nem podemos. Ou podemos? Bem... Não sei, mas penso que sim, que as usamos. Todos os dias. No trabalho, na nossa vida social e até na nossa vida pessoal, em casa. Quase nunca podemos ser o que somos. Temos que ser eufemismos. Temos que ser apenas o que podemos mostrar. É uma questão de segurança, de defesa, de protecção ou, até, de integração na sociedade, nos grupos e nas tribos a que pertencemos. Umas vezes somos menos do que realmente somos, mas muitas vezes tentamos ser mais. É um desequilíbrio, mas tem de ser. Temos que usar as máscaras. Foi assim que a sociadeda dita evoluída, dita ocidental nos ensinou, nos educou e nos obrigou a ser. E isso não faz de nós melhores nem piores. Apenas é assim, porque sim. Nas máscaras escondemos os medos, as frustrações, os sonhos, os desejos, o lado irracional ou racional. E as emoções que não demonstramos. Se todos deixassemos cair as máscaras o choque seria brutal. Teríamos que nos reinterpretar. De nos voltar a entender, de voltar a aceitar. Ou não. Ou escolheríamos novos caminhos, novos grupos e novas tribos. Se deixássemos cair as máscaras e ao mesmo tempo fossemos totalmente sinceros, sem eufemismos, poderíamos dizer tudo, mas não estaríamos preparados para ouvir a sinceridade nua, crua e bruta. Se hoje, é o medo que nos une, passaria a ser o ódio que nos separaria. Usemos, pois, as nossas máscaras. A começar nos blogs, esta bela forma de nos mascararmos para dizermos o que nos apetece, quando nos apetece, com os eufemismos(uns dias mais, outros dias menos) que nos apetece. Porque neste mundo das máscaras, o que é mesmo bom é fazermos o que nos apetece, não quando nos apetece, mas quando nos deixam, ou quando temos oportunidade para isso.

1 comentário:

D. disse...

o racional da coisa está quase perfeito. limpo e cómodo.

deixo-te alguma poeira, provocação, usando palavras que não são minhas (mas podiam ser):

'Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.'

;)
d.