Por vicissitudes da vida quotidiana, tenho tido poucas oportunidades para conversas presenciais com a minha irmã.
Desde sempre, a minha irmã foi (e é) a minha maior confidente e, mais do que isso, a minha maior ouvinte. No seu papel de irmã mais velha, está sempre lá para mim. É recíproco.
Muitas são as vezes que, num qualquer intervalinho de trabalho, numa qualquer viagem de carro ou comboio, lhe ligo para conversarmos um bocadinho.
Do meu lado «Então como estás?», «E os meninos, portam-se bem?» são perguntas recorrentes. Do lado dela as inevitáveis perguntas... «podes falar?», «estás com muito trabalho?» e «estás bem?» são recorrentes. E, na rotina do dia-a-dia, nas pressas comuns, as conversas tornaram-se curtas, mas objectivas.
Entretanto, passamos a comunicar por e-mail. Conto-lhe, com detalhe, como vai a minha vida. Um dia ou dois depois recebo a resposta em jeito de comentário. Devolvo mais tarde, quando na empresa o silêncio já reina e já só resto eu. É ela quem melhor me conhece e, no seu jeito cauteloso, lá vai dizendo aquilo que tem para mim. Mais do que uma crítica ou um conselho, é um "eu estou aqui" que lhe sai sempre. Eu sei que sim.
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