Na Segunda-Feira fui até ao Douro.
O Douro, por si só, é uma região lindíssima. Para qualquer lado que olhemos apetece pegar numa máquina e repetidamente disparar uma foto e outra e mais outra. É fotogénico, é grandioso, é imponente, os patamares esculpidos nas encostas são harmoniosos. O Douro tem charme.
Para mim, a beleza natural do Douro atinge a perfeição nesta altura do ano. O Outono pinta o Douro de tons castanhos, vermelhos, dourados e, aqui e acolá, ainda algum verde. O Sol ilumina as vinhas, nas escarpas até aos rios. O Douro, o Tua, o Távora, o Corgo.
A viagem é ainda mais interessante quando não somos nós quem conduz. Temos tempo de olhar, de gozar a paisagem, de reparar no pormenor. Aquela adega que nunca vimos mas que ouvimos falar, a casa senhorial daquela Quinta, a Capela, lá no alto, que sabemos ser daquela outra Quinta. Ficamos a saber que é dali que vêm as uvas para o vinho “xis” ou para o Vintage “tal”.
Nesta altura, o frio que se faz sentir no Douro é sempre muito. Dentro das adegas sente-se o frio e a humidade a invadirem os ossos. Mas sabe bem, e sabe bem provar os vinhos, que hoje sabem mal, mas que no futuro irão ser belíssimos vinhos. Apreciar as cores vivas, o lilás que se vê quando voltamos o copo para aquela nesga de luz que entra pelas pequenas janelas e com um gesto, fazemos rodar o vinho nas paredes do copo. Depois, quando se leva o copo ao nariz sentimos aromas estranhos que não são aqueles que habitualmente encontramos nos vinhos. O pior fica para o fim. Provar um vinho nesta altura é tão estranho quanto isto: já alguma vez comeram uvas antes de estarem maduras? Sabe mal, não sabe? Provar vinho nesta altura é provar algo que sabe mal, mas que para quem entende – e não é seguramente o meu caso – permite prever o que dali vai sair, lá mais para a frente, quando estiver na altura. Mas sabe bem acompanhar este processo. É enriquecedor. E é por isso que o partilho aqui.
Deixo o Douro para trás.
Terça-Feira trouxe-me outra novidade. Não, não foi a derrota do Benfica – infelizmente, nos dias que correm deixou de ser novidade.
Ontem tive um convite para jogar futebol ao final do dia, precisamente na hora do futebol. Aceitei.
Cerca de um ano e meio após ter deixado completamente, voltei a jogar futebol. O meu joelho esquerdo – o qual já foi aqui apresentado – fez-me deixar de jogar e, apesar de tudo, ainda não sei o que tem o meu joelho.
Como tal, entendi que apesar da dor incomodativa que por vezes tenho, deveria ir jogar e fui. Infelizmente apanhei uma grande desilusão. Não com o joelho, porque esse fez saber que estava lá, mas não complicou. A grande desilusão veio com a minha falta de força, a minha falta de rapidez e a minha dificuldade em acompanhar o ritmo dos outros. Fiquei claramente aquém das minhas expectativas, mas também das dos outros, que no final fizeram questão de me dizer que «já te vi fazer bem melhor!». É pá! Obrigadinho! Eu tenho plena noção disso, não preciso que mo venham dizer!
Posto isto, e dado que o assunto do joelho está agora emperrado na Medis, o melhor é recomeçar a fazer desporto e dizer que sim, que contem comigo para as próximas jogatanas. Já percebi que o joelho não se desintegra, e, no máximo, vai-me ficar a doer nos dias seguintes, só que desta vez, todo o meu corpo fica! Há que fazer jus à velha máxima de que “o futebol não é para meninas”.
Não quero terminar o texto sem trazer aqui a primeira notícia que ouvi ao acordar.
Parece que na sequência dos acidentes rodoviários dos últimos dias, hoje destacava-se o esforço que o governo irá fazer para diminuir a sinistralidade – equipar as forças policiais com novos alcoolímetros e novos radares e em maior quantidade!
Sim senhor, melhorar a sinalização das estradas ou até mesmo melhorar o estado das vias, não, isso não. Nem pensar, isso não faz sentido nenhum. Porreiro, porreiro (como diz o nosso Primeiro), é comprar alcoolímetros e radares. Muitos. E para quê? Para irem aos nossos bolsos!
Então e qual é a medida profilática do governo? Nenhuma. Porque ver passar a 150 km/h e disparar um flash não vai evitar nenhum acidente. Vai aumentar as receitas extraordinárias do Estado, isso sim, ajudando a cumprir a barreira do défice! Mandar a brigada seguir aqueles que circulam sem luzes, ou com os pneus carecas, ou que fazem a A1 na faixa da esquerda quando a direita vai vazia, ou os que em Grijó ou em Alverca circulam na terceira e quarta faixa deixando a primeira e a segunda sempre livres. E os que falam ao telemóvel, tentando disfarçar o indisfarçável? Será que só eu é que vejo? É mais fácil pendurarem-se numa árvore ou esconderem-se numa ponte e disparar flashes.
Somos terceiro mundo, temos o que merecemos ou merecemos o que temos, não sei.
O Douro, por si só, é uma região lindíssima. Para qualquer lado que olhemos apetece pegar numa máquina e repetidamente disparar uma foto e outra e mais outra. É fotogénico, é grandioso, é imponente, os patamares esculpidos nas encostas são harmoniosos. O Douro tem charme.
Para mim, a beleza natural do Douro atinge a perfeição nesta altura do ano. O Outono pinta o Douro de tons castanhos, vermelhos, dourados e, aqui e acolá, ainda algum verde. O Sol ilumina as vinhas, nas escarpas até aos rios. O Douro, o Tua, o Távora, o Corgo.
A viagem é ainda mais interessante quando não somos nós quem conduz. Temos tempo de olhar, de gozar a paisagem, de reparar no pormenor. Aquela adega que nunca vimos mas que ouvimos falar, a casa senhorial daquela Quinta, a Capela, lá no alto, que sabemos ser daquela outra Quinta. Ficamos a saber que é dali que vêm as uvas para o vinho “xis” ou para o Vintage “tal”.
Nesta altura, o frio que se faz sentir no Douro é sempre muito. Dentro das adegas sente-se o frio e a humidade a invadirem os ossos. Mas sabe bem, e sabe bem provar os vinhos, que hoje sabem mal, mas que no futuro irão ser belíssimos vinhos. Apreciar as cores vivas, o lilás que se vê quando voltamos o copo para aquela nesga de luz que entra pelas pequenas janelas e com um gesto, fazemos rodar o vinho nas paredes do copo. Depois, quando se leva o copo ao nariz sentimos aromas estranhos que não são aqueles que habitualmente encontramos nos vinhos. O pior fica para o fim. Provar um vinho nesta altura é tão estranho quanto isto: já alguma vez comeram uvas antes de estarem maduras? Sabe mal, não sabe? Provar vinho nesta altura é provar algo que sabe mal, mas que para quem entende – e não é seguramente o meu caso – permite prever o que dali vai sair, lá mais para a frente, quando estiver na altura. Mas sabe bem acompanhar este processo. É enriquecedor. E é por isso que o partilho aqui.
Deixo o Douro para trás.
Terça-Feira trouxe-me outra novidade. Não, não foi a derrota do Benfica – infelizmente, nos dias que correm deixou de ser novidade.
Ontem tive um convite para jogar futebol ao final do dia, precisamente na hora do futebol. Aceitei.
Cerca de um ano e meio após ter deixado completamente, voltei a jogar futebol. O meu joelho esquerdo – o qual já foi aqui apresentado – fez-me deixar de jogar e, apesar de tudo, ainda não sei o que tem o meu joelho.
Como tal, entendi que apesar da dor incomodativa que por vezes tenho, deveria ir jogar e fui. Infelizmente apanhei uma grande desilusão. Não com o joelho, porque esse fez saber que estava lá, mas não complicou. A grande desilusão veio com a minha falta de força, a minha falta de rapidez e a minha dificuldade em acompanhar o ritmo dos outros. Fiquei claramente aquém das minhas expectativas, mas também das dos outros, que no final fizeram questão de me dizer que «já te vi fazer bem melhor!». É pá! Obrigadinho! Eu tenho plena noção disso, não preciso que mo venham dizer!
Posto isto, e dado que o assunto do joelho está agora emperrado na Medis, o melhor é recomeçar a fazer desporto e dizer que sim, que contem comigo para as próximas jogatanas. Já percebi que o joelho não se desintegra, e, no máximo, vai-me ficar a doer nos dias seguintes, só que desta vez, todo o meu corpo fica! Há que fazer jus à velha máxima de que “o futebol não é para meninas”.
Não quero terminar o texto sem trazer aqui a primeira notícia que ouvi ao acordar.
Parece que na sequência dos acidentes rodoviários dos últimos dias, hoje destacava-se o esforço que o governo irá fazer para diminuir a sinistralidade – equipar as forças policiais com novos alcoolímetros e novos radares e em maior quantidade!
Sim senhor, melhorar a sinalização das estradas ou até mesmo melhorar o estado das vias, não, isso não. Nem pensar, isso não faz sentido nenhum. Porreiro, porreiro (como diz o nosso Primeiro), é comprar alcoolímetros e radares. Muitos. E para quê? Para irem aos nossos bolsos!
Então e qual é a medida profilática do governo? Nenhuma. Porque ver passar a 150 km/h e disparar um flash não vai evitar nenhum acidente. Vai aumentar as receitas extraordinárias do Estado, isso sim, ajudando a cumprir a barreira do défice! Mandar a brigada seguir aqueles que circulam sem luzes, ou com os pneus carecas, ou que fazem a A1 na faixa da esquerda quando a direita vai vazia, ou os que em Grijó ou em Alverca circulam na terceira e quarta faixa deixando a primeira e a segunda sempre livres. E os que falam ao telemóvel, tentando disfarçar o indisfarçável? Será que só eu é que vejo? É mais fácil pendurarem-se numa árvore ou esconderem-se numa ponte e disparar flashes.
Somos terceiro mundo, temos o que merecemos ou merecemos o que temos, não sei.
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