quarta-feira, 28 de maio de 2008

Tristeza ou Vergonha?

De há uns tempos a esta parte, tenho tido a possibilidade de conversar ou assistir a conversas com mulheres com mais de 30 anos, as quais vivem hoje a ressaca de um desamor. Essas mulheres de 30 vivem ou viveram relações que as fizeram deixar de acreditar no sonho cor-de-rosa de uma vida quase perfeita.
Se por um lado, eu faço parte do lote de "bons malandros" - desculpem lá o eufemismo, mas hoje não estou virado para o vernáculo! - por outro lado, gostava de poder olhar para essas mulheres e, eu próprio, acreditar que ainda vamos todos a tempo de viver vidas quase perfeitas.
Olho para elas e, enquanto homem, continuo a vê-las como mulheres bem interessantes que são, embora numa boa parte dos casos, elas já não se sintam assim interessantes, não se sintam seguras e muito menos acreditem que haja homem algum que as faça voltar a sonhar.
E, afinal, onde está o erro? Porque é que estas coisas acontecem? Porque é que acontecem assim tantas vezes?
Porque ninguém, homem ou mulher, está hoje disposto a fazer sacrifícios, a ceder e a perceber quem está do outro lado. E não, não são só os homens os culpados. Embora os homens sejam, de facto, mais culpados! As mulheres, apesar de lutarem mais, de serem mais sofredoras e de serem capazes de perdoar mais vezes ou mais facilmente, também não percebem que do lado de lá está alguém que continua, nos padrões actuais da sociedade, a ter a vida a jogar mais a seu favor e por isso a facilitar mais, a desleixar-se mais, a distrair-se mais, mostrando, erradamente, menos interesse na construção do sonho de ambos.
Além disso, há a liberdade. Tal como em toda a história do mundo, a liberdade, depois de conquistada é, muitas vezes, mal empregue ou empregue de forma extrema. Por isso, a liberdade pela qual as mulheres tanto - e bem - lutaram, é extremada, acabando por ser usada para vincar posições e mostrar que têm direito à sua própria liberdade, desistindo de lutar por aquilo que, afinal elas também querem, que é uma relação saudável e assente em valores.
À medida que o tempo avança, dou por mim a pensar em como nós homens somos ou fomos capazes de fazer alguém sofrer. Em primeiro lugar, nós não merecemos. Em segundo lugar, era suposto as pessoas excluirem de dentro de si e das suas vidas as coisas piores que lhes acontecem ou aconteceram, mas as mulheres não o fazem. Sofrem, sofrem porque nós as desiludimos, sofrem porque acreditaram e sofrem ainda porque perceberam que acreditaram mais do que nós. Por fim, percebo a sorte que temos quando vejo uma mulher sofrer por um homem e percebo que esse homem não o merecia e percebo-o melhor quando esse homem não sou eu.


Resumindo, envergonho-me de fazer parte do lote e fico triste por nós, homens, termos esta imensa capacidade de magoar pessoas que, afinal, durante algum tempo foram muito importantes nas nossas vidas.



(A úlima conversa que tive sobre o tema foi na 2º feira, no regresso de Lisboa! Uma viagem animada, debaixo de chuva!)

3 comentários:

Inês disse...

Não será sempre bem assim...

As mulheres sonham mais. A maior parte das vezes pensam que têm aquilo que nunca tiveram. São elas próprias que se eludem, que vêem forçadamente o que não existe do lado de lá.
A maior parte dos homens diz para o que vai. Embora haja excepções. E as mulheres sabem para o que vão, mas pensam que podem mudar isso. Pensam sempre que podem. Às vezes mudam mesmo, mas quando não mudam desiludem-se. Mas foram elas próprias que se eludiram.

Não te deixes impressionar. As mulheres, embora se façam de vítimas, são fortíssimas. Conseguem sarar um coração partido, podem demorar mais que os homens, mas quando saram é de vez.

Há homens que são uma merda de facto. E mulheres também.
O melhor é não generalizar nem dividir a forma de encarar o Amor por sexos mas sim por personalidades ;)

Maresia disse...

Olá! Costumo vir por aqui sem comentar, mas hoje não resisti...Tenho acompanhado as mudanças de emprego, as saídas, os desabafos.
Sou mulher, quarentona, e acho que os homens não são todos iguais, graças a Deus!Tal como as mulheres.
É a diversidade que faz com que a vida valha a pena e que aguardemos sempre que ela nos surpreenda. É certo que às vezes nos surpreende pela negativa, mas também nos acontecem coisas muito boas que dão sabor aos nossos dias e calor aos nossos invernos.
Quando se trata de magoar, a coisa vale para os dois lados. Há por aí profissionais na arte de magoar os outros, já o senti na pele, mas também já conheci gente fabulosamente íntegra...
Nós, tal como a vida, somos quase perfeitos...

Mike disse...

Obrigado pelos vossos comentários.
Os meus rabiscos, muito bem vinda e comenta sempre que quiseres!

Bjos,