Todos os fins-de-semana o ritual repete-se.
Embalado pelo tranquilo movimento da sua cadeira de baloiço, ali, no meio da sala, ele aguarda a hora chegar.
Enquanto ouve a sua música, contempla os seus discos de vinil, os cd's, as cassetes de vídeo, os dvd's e os livros, que de uma forma desalinhada, ocupam todas aquelas estantes de madeira escura e gasta pelo tempo.
A música não é a sua única companhia. Ao fundo avista-se um relógio de parede, proeminente, do tempo dos seus avós, que no doce balançar do pêndulo, o vai avisando que a hora está a chegar.
Bate uma vez. É uma hora da manhã. É a hora.
Ergue-se da cadeira, dirige-se ao leitor de cd's, empurra o botão com o indicador, a gaveta abre, ele guarda o cd na caixa e coloca-o na estante. A seguir desliga o leitor e encaminha-se para a porta, não sem antes pegar no casaco comprido de pele, preto, que se encontra no cabide. Por fim, confirma se tem tudo com ele, a chave, o tabaco, o dinheiro.
Tem carro, mas prefere ir a pé - a noite está agradável.
Em passo largo, sempre com a mesma cadência, demora vinte minutos a lá chegar.
Quando entra no bar, encontra alguns seus conhecidos logo ali, na primeira mesa. São quatro, ele cumprimenta-os mas não se junta a eles. Segue até ao balcão.
O empregado cumprimenta-o,
- Então o que vai ser?
- Um Sumol de laranja.
- Só temos Frisumo - ele já o sabia
- Então o que vai ser?
- Um Sumol de laranja.
- Só temos Frisumo - ele já o sabia
- Pode ser...
Sem comentários:
Enviar um comentário