São praticamente sete da tarde. Caminho pela baixa da cidade, percorro várias ruas. Entre a Praça da Batalha, 31 de Janeiro, Sá da Bandeira, Fernandes Tomás, Santa Catarina e Paços Manuel. Observo um grupo de homens que, encostados à vedação, assistem às obras de instalação de carris - talvez para o metro, talvez para o eléctrico, não sei. Observo as pessoas que passam. A maioria terminou o dia de trabalho ou de aulas - algumas ainda irão trabalhar - quase todos em passos apressados, fogem dos gritos da solidão, procuram apanhar rapidamente o transporte que os vai conduzir ao conforto do lar, das famílias, dos afazeres domésticos. A maioria das lojas fecha às sete, apenas as que pertencem às grandes cadeias internacionais se mantêm abertas.
Ao contrário das grandes cidades, esta não convive com o fenómeno cosmopolita, não se sentem as raças, nem as cores, nem as religiões. É fácil identificar quem é dali e quem é de fora. Apenas se conseguem diferenciar estilos, do mais clássico ao gótico, como este casal com o qual acabo de me cruzar. Á porta de um restaurante um grupo de turistas conversa com um funcionário. Querem saber o que se come naquele espaço. O funcionário, numa farda clássica de calça preta, camisa branca, gravata e colete pretos, vai tentando explicar que têm peixe fresco, como a dourada, ou então, o bacalhau e os filetes de pescada. Os turistas parecem entender.
Numa cumplicidade ainda de outros tempos, dos tempos em que a cidade começava e acabava ali, os cafés e confeitarias, tal como o comércio tradicional, preparam-se para encerrar. Poucos são os que ficam abertos à noite, como o Magestic, que continua ali, belo e elegante, a desejar as boas vindas a quem chega e a agradecer a quem já vai.
Os passeios, as ruas e os estacionamentos ficam agora vazios, à espera do dia seguinte, quando tudo recomeçar logo pela manhã, no regresso dos que agora partiram, na rotina dos dias sempre iguais, com a excepção do Domingo que, por ali, ainda continua a ser dia do descanso.
Vou p'ra casa.
2 comentários:
Estivémos pelos mesmos sítios à mesma hora... Mas eu ainda não ía para casa...
Olá Inês!
Não foi ontem que estive na baixa, foi na passada Quinta-Feira. Cheguei a casa e escrevi o post, mas deixei para publicar mais tarde. Acabei por só o fazer ontem!
Obrigado pela visita.
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