domingo, 17 de junho de 2007

Protagonismo

Na minha opinião é isto que Joe Berardo tem andado à procura.
Se dinheiro é coisa que não lhe falta, o que procuraria uma pessoa assim, poder? Sim, também, mas acima de tudo é o protagonismo que o move. Se não, vejamos. No mundo dos vinhos - que eu conheço digamos que... bem - Joe Berardo tem participações minoritárias na Quinta do Carmo, juntamente com os conceituados Domaines Barons de Rothschild (Lafite) e na Sogrape da família Guedes. Por outro lado, é maioritário desde há alguns anos na antiga J.P. Vinhos, hoje Bacalhoa Vinhos e recentemente, é também maioritário nas Caves Aliança. Portanto, no sector dos vinhos, o Comendador tem, de uma forma geral, uma posição de destaque, mas não tem poder no seio do sector - poderá ainda vir a ter, mas não tem.
Na moda, ajudou a estilista Fátima Lopes a lançar-se e, ao que parece, é seu sócio. Investiu, mas manteve-se sempre na sombra, sem protagonismo.
Na arte, tem um papel de destaque e, desde a questão da sua colecção de arte moderna versus CCB/Governo, tem poder e protagonismo, mas como a arte em Portugal tem um papel secundário, é um protagonismo absolutamente relativizado.
Daí que, nos últimos tempos, tenha sido através da famosa assembleia geral de accionistas da PT e, mais recentemente do BCP, que Joe Berardo tenha passado para as capas dos jornais e revistas.
Como ainda não era suficiente, Berardo aparece agora associado à maior instituição Portuguesa - o S. L. Benfica. Conseguiu, através de uma OPA às acções do tipo "B" (parece que são as de menor valor e que só representam 30% do valor da SLB SAD em bolsa). Pelo dinheiro? Não me parece. Pelo protagonismo. Aquele que ele quer ter e que doutra forma nunca conseguiu.
Apareceu em todos os canais de televisão, em horário nobre, na abertura dos jornais. Com dificuldades de expressão, falou, falou e disse... nada. Pelo menos nada de interessante, nem mesmo para os Benfiquista. Talvez venha a fazer muito pelo Benfica - enquanto benfiquista, espero mesmo que sim - mas vai sempre fazer mais, muito mais, por ele.
O dinheiro trouxe-lhe mais e mais dinheiro, mais influência, mais poder, e, agora, também o protagonismo que lhe faltava, mas nunca lhe vai trazer o "berço" que lhe falta.
É este o país que temos porque é este o país que merecemos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Com excepção da parte do "berço" (outra forma mais correcta de exprimir a ideia seria melhor) um excelente comentário:
simples, claro, objectivo e substanciado em factos e referências.

Parabéns.

Mike disse...

Obrigado pelo comentário.
Aceito a crítica e concordo, e aceitaria também uma sugestão para o expressar de outra forma.
Obrigado e volte sempre.