terça-feira, 23 de outubro de 2007

Afagos da alma

Era a primeira vez que ele via uma Joaninha, verdadeira. Não tão grande como ele as imaginava, não tão colorida como ele via nos livros, mas verdadeira, mais verdadeira e ainda por mais ali dentro de sua casa.
A avó apanhou-a e entregou-lha:
- Vá lá, toma conta dela.
Ele fascinado, mostrava-a a toda a gente:
- Olha uma Joaninha! Olha a minha Joaninha! - Tanta emoção!
Decide então ir brincar com a Joaninha. Pousa-a numa cadeira e, de cócoras, fica a olhar para ela. A Joaninha, provavelmente assustada, está imóvel. Com um dedo, tenta empurrá-la, espera que com isso ela comece a andar. Ela continua imóvel.
Junto a ele vou observando. Ele insiste:
- Ela não se mexe! Anda Joaninha! Anda Joaninha! - enquanto a empurra com um dedo.
Aproximo-me mais e tento explicar-lhe:
- Tu não vês que ela é muito pequenina e tu és muito grande e ela assusta-se e não anda?
Ele empurra-me:
- Então sai daqui - como que dizendo que se ele é grande para a Joaninha eu sou ainda maior e, por isso, não é dele que ela tem medo, mas de mim! Eu sorrio e afasto-me por instantes.
Volto a aproximar-me e sopro levemente para a Joaninha. Ela mexe-se! Então ele segue o meu exemplo e, em vez de a empurrar com um dedo, começa a soprar-lhe, levemente, e a Joaninha, reagindo, começa a caminhar.
- Já caminha! Ela já caminha!
Decide meter a Joaninha numa caixinha aberta para ela não fugir e pede à mamã que tome conta dela enquanto vai brincar. A mamã fica responsável pela Joaninha de estimação. E guarda-a até ele voltar.
Chegada a hora de almoço, ele vem para a mesa com a sua nova companheira. Enquanto vai lavar as mãos ela levanta voo. Ele volta e já não a vê. Não faz mal, ela voou porque foi à vida dela. Ele não se mostra perturbado com a fuga da sua nova companheira. Afinal, não é todos os dias que se tem a visita de uma Joaninha, mas ele sabia que ela só o tinha vindo visitar e depois teria que voltar para o lugar dela. O Lugar dela é junto à mamã, tal como o dele é junto da sua.
Passou-se assim, no Domingo, ao almoço.
Há lá coisa melhor para afagar a alma do que assitir a isto?!

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