(Para ler este texto, aconselho que, primeiro, ponham a música a tocar...)
Chego a casa.
Recebo e faço dois ou três telefonemas.
Ligo o computador para enviar um último e-mail. Dou o dia de trabalho por terminado.
Dou uma volta pela blogosfera.
Decido que hoje vou fazer o meu jantar.
Lenvanto-me, pego num cd dos Tindersticks e ponho-o a tocar. Arrasto uma coluna na direcção da cozinha para melhor ouvir a música.
Entro na cozinha, à esquerda, o fogão, a banca e o lava-loiça. À direita, o frigorífico e a mesa.
Procuro todos os ingredientes de que vou precisar. Ponho a àgua a correr e, quando a sinto quente, pego no tacho e encho-o. Apenas o suficiente para cozer o fuzilli.
Vou ao frigorífico, pego na embalagem de tomate cereja, na embalagem do queijo mozzarella, na embalagem de manjericão e no quarto de cebola.
Vou ao armário, tiro a embalagem de fuzilli e pego na garrafa de azeite. Coloco o avental.
Adiciono um fio de azeite à àgua e um pouco de sal e, enquanto espero que a àgua ferva, lavo os tomates, a cebola e o manjericão. Corto os tomates e a mozzarella, pico a cebola e o manjericão. Coloco-os num recipiente e adiciono um grande fio de azeite, a flor de sal, um pouco de pimenta. Os Tindersticks tocam só para mim.
Espreito o frigorífico. A única garrafa de vinho branco repousa lá - é uma garrafa de Vinha da Defesa. Pego-lhe, pego no saca-rolhas e abro-a. Cheiro a rolha - está em condições. Verto o vinho no copo. A cor tem tonalidade amarela esverdeada, brilhante. Levo o copo ao nariz para sentir os aromas. São complexos, mas sobressai a lima e alguma fruta tropical - destaco, talvez o ananáz. Levo o copo à boca. Alguma acidez, mas bem equilibrada, transmite frescura. Tem um belo final de boca, persistente.
Preparo a mesa. Entretanto o fuzilli cozeu. Passo-o três vezes em àgua fria. Não só ajuda a manter a consistência "al dente" como o arrefece rapidamente. É isso que pretendo. Junto os ingredientes, numa alquimia de sabores. Polvilho um pouco mais de flor de sal.
Sirvo o meu prato e vou para a mesa. Ficou perfeito, na textura e no sabor - sou muito crítico em relação a mim mesmo, procuro sempre melhorar, mas sei reconhecer o meu mérito!
Sirvo-me novamente e, ainda mais uma vez. Exagerei, mas estava-me a saber mesmo bem. Neste meu egoísmo, desfruto sozinho daquilo que deveria ser a dois. O vinho corre-me e refresca-me, mas penso que, talvez, um Grandjó ou um Vinha das Garças «casariam» aqui melhor, por serem mais leves e mais doces, mas não está mal.
Termino. Ainda tenho vinho no copo - e mais metade da garrafa que, penso, ficará para amanhã. Levanto-me e vou buscar um cigarro. Enquanto fumo e termino o vinho.
Arrumo tudo. Escrevo este texto e espero pelo dia de amanhã...
Chego a casa.
Recebo e faço dois ou três telefonemas.
Ligo o computador para enviar um último e-mail. Dou o dia de trabalho por terminado.
Dou uma volta pela blogosfera.
Decido que hoje vou fazer o meu jantar.
Lenvanto-me, pego num cd dos Tindersticks e ponho-o a tocar. Arrasto uma coluna na direcção da cozinha para melhor ouvir a música.
Entro na cozinha, à esquerda, o fogão, a banca e o lava-loiça. À direita, o frigorífico e a mesa.
Procuro todos os ingredientes de que vou precisar. Ponho a àgua a correr e, quando a sinto quente, pego no tacho e encho-o. Apenas o suficiente para cozer o fuzilli.
Vou ao frigorífico, pego na embalagem de tomate cereja, na embalagem do queijo mozzarella, na embalagem de manjericão e no quarto de cebola.
Vou ao armário, tiro a embalagem de fuzilli e pego na garrafa de azeite. Coloco o avental.
Adiciono um fio de azeite à àgua e um pouco de sal e, enquanto espero que a àgua ferva, lavo os tomates, a cebola e o manjericão. Corto os tomates e a mozzarella, pico a cebola e o manjericão. Coloco-os num recipiente e adiciono um grande fio de azeite, a flor de sal, um pouco de pimenta. Os Tindersticks tocam só para mim.
Espreito o frigorífico. A única garrafa de vinho branco repousa lá - é uma garrafa de Vinha da Defesa. Pego-lhe, pego no saca-rolhas e abro-a. Cheiro a rolha - está em condições. Verto o vinho no copo. A cor tem tonalidade amarela esverdeada, brilhante. Levo o copo ao nariz para sentir os aromas. São complexos, mas sobressai a lima e alguma fruta tropical - destaco, talvez o ananáz. Levo o copo à boca. Alguma acidez, mas bem equilibrada, transmite frescura. Tem um belo final de boca, persistente.
Preparo a mesa. Entretanto o fuzilli cozeu. Passo-o três vezes em àgua fria. Não só ajuda a manter a consistência "al dente" como o arrefece rapidamente. É isso que pretendo. Junto os ingredientes, numa alquimia de sabores. Polvilho um pouco mais de flor de sal.
Sirvo o meu prato e vou para a mesa. Ficou perfeito, na textura e no sabor - sou muito crítico em relação a mim mesmo, procuro sempre melhorar, mas sei reconhecer o meu mérito!
Sirvo-me novamente e, ainda mais uma vez. Exagerei, mas estava-me a saber mesmo bem. Neste meu egoísmo, desfruto sozinho daquilo que deveria ser a dois. O vinho corre-me e refresca-me, mas penso que, talvez, um Grandjó ou um Vinha das Garças «casariam» aqui melhor, por serem mais leves e mais doces, mas não está mal.
Termino. Ainda tenho vinho no copo - e mais metade da garrafa que, penso, ficará para amanhã. Levanto-me e vou buscar um cigarro. Enquanto fumo e termino o vinho.
Arrumo tudo. Escrevo este texto e espero pelo dia de amanhã...
10 comentários:
Esta tua descrição fez-me lembrar o Ratatui. Tirando o vinho e a música!
Momento único que ganha outro sabor quando partilhado...gostei de te ler assim...Beijo meu
Ana,
A comparação com um rato (não vi o filme e, por isso, pode não me soar muito bem) é estranha!
Espero que tenha sido um comentário elogioso! :-))
Menina da Lua,
Sim, ainda que não deixe de fazer coisas boas de forma egoísta, prefiro as coisas a dois...
É mesmo porque não viste o filme...
A beleza das coisas simples... não é meu caro?
Ana,
Recomendas ver?
Perignon,
Simples... como tudo deveria ser!
Não percebo porque um momento assim tem de ser partilhado. Às vezes sabe muito bem estarmos só connosco e mimarmo-nos. Assim é que a vida tem de ser feita: com os luxos das coisas mais simples.
Inês,
Plenamente de acordo! Precisamente por não ter que ser partilhado, o fiz sozinho! Mas confesso-te que sabe melhor a dois...
Sim, recomendo a todos. É delicioso, em todos os sentidos.
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