Leio, numa revista de uma certa empresa, uma entrevista ao Dr. Nuno Lobo Antunes*.
Da entrevista retive o seguinte:
O talento é genético e hereditário, podemos treinar - físico e cérebro - mas existem limites em relação ao que podemos modifar e até onde podemos evoluir.
Nós somos, sobretudo, aquilo que herdamos dos nossos pais. Em termos de inteligência isso é evidente. Claro que também existe o factor "ambiente" que actua, modifica e promove o nosso potencial.
Se uma criança não for estimulada, educada, amada e não lhe forem mostradas coisas, o seu potencial nunca será atingido. Por outro lado, não é por lhe darem muita coisa para aprender que lhe vão acrescentar coisas fantásticas.
Apesar de tudo, a diferença está no talento. Todos nós podemos trabalhar, mas o talento é fundamental e, no entanto, o talento, sem trabalho, resulta num potencial desperdiçado.
Quando questionado sobre se Portugal é um país de gente de talento, diz que sim. Sobretudo, é um país de gente talentosa e é esse o problema. Portugal é um país de solistas e não de orquestras. Porque as orquestras implicam uma escola e nós não temos a escola.
Depois de ler isto, questiono-me onde posso chegar.
Não sou, de facto, provido de talentos. Os meus pais, apesar de tudo o que me transmitiram e transmitem, não são, também eles, talentosos.
Resta-me o trabalho? Respondo que sim, e luto sempre nesse sentido, o do trabalho. Mas acredito que existe um outro factor - a sorte. É um factor subjectivo, ambíguo pela forma como poderá ser avaliado. Ainda assim, pela forma como encaro o trabalho e - à falta de talento - pela sorte , poderei ousar acreditar que o potencial que tenho esteja ainda longe do limite, permitindo-me ir mais além. Que o meu caminho seja duro, eu aceito, mas limitado, é-me difícil encaixar. Eu, um insatisfeito!
*Neuropediatra, director do corpo clínico do CADin, consultor do IPO de Lisboa e do Hospital Amadora-Sintra.Peço desculpa a todos - e em especial à instituição respnsável pela publicação - por não relevar o nome da revista.
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