domingo, 29 de abril de 2007

Live fast, die young

Este era o lema do irreverente James Dean.
Eu, não corroborando com esta máxima, tenho uma certa tendência para me precipitar, para querer viver tudo de uma só vez. Não é possível, bem sei.
Recordo-me de uma história que me contaram, um dia, sobre os Vinhos do Porto.
Diziam-me, nessa história, que a evolução do mercado e a penetração em novos mercados, tinha alterado sobremaneira o conceito dos Porto Vintage.
Um Vintage é, dentro das diferentes categorias deste tipo de vinho, o nível mais elevado de qualidade. É, no conceito, um vinho feito de uvas de uma só colheita, em anos de excepcional qualidade, engarrafado no segundo ano após a colheita, e com características organolépticas excepcionais.
Com a entrada no mercado americano e o aparecimento de novas gerações nos mercados tradicionais, o que, até aí, eram vinhos de guarda, que muitas vezes passavam de geração em geração, como um legado familiar, enclausurados na húmida escuridão das garrafeiras particulares, passaram a ser vinhos de consumo. Esta alteração levou a que, os vinhos do Porto com classificação Vintage, deixassem de ser produzidos apenas para durar muitos anos - evoluindo qualitativamente durante esses anos - para passarem a ser vinhos bebíveis desde jovens, apresentando, desde logo, as virtudes que lhes conferiam o estatuto Vintage.
A lógica, dizia-me quem me contava a história, era simples - quer as novas gerações, e mais concretamente, os americanos, entendem que ao viverem poucos anos, devem-nos viver aproveitando o melhor que a vida lhes dá. E se o melhor que a vida lhes dá, no que toca a vinhos, são so Porto Vintage, então há que os apreciar enquanto podem, não vá o vinho se deteorar no doce passar do tempo.
Eu também sou assim. Precipito-me nas minha vontades, nos meus desejos, nas minhas acções.
O meu Porto Vintage não se perde no sono lento da minha garrafeira, não desperdiço qualquer gota da garrafa.
É positivo saber a que sabe, conhecer a sensação e o gosto da prova, pois se nunca abrisse a garrafa nunca saberia o que estaria a perder. É negativo quando este mesmo vinho não é surpreendentemente bom, e aí, nunca vou descobrir como teria sido, se o deixasse evoluir.
Acredito que James Dean também abrisse todas as garrafas, ainda que por morrer cedo, nunca venha a conhecer a melhor colheita.

Este não é um post sobre vinhos

1 comentário:

Menina da Lua disse...

Não me digas que hoje voltaste a sentir o gostinho especial de um Porto Vintage? :) Beijo meu